Antes de tentar explicar minha posição atual sobre o conhecidíssimo ecumenismo, penso ser necessário recomendar a leitura de um excelente artigo que trata sobre o assunto. Esse texto traz o seguinte título: Ecumenismo: Definição, significado, abrangência de autoria do Dr. Gottfried Brakemeier (leia aqui). É uma leitura imprescindível para quem não tem nenhum conceito formado sobre o assunto. Confesso que a leitura do mesmo me fez repensar sobre este tema que até então era ignorado por mim. Eu sempre havia nutrido um desprezo em ler ou estudar sobre o ecumenismo. Acredito que esse sentimento vinha em parte da minha formação pentecostal, pois é sabido que historicamente o pentecostalismo sempre encarou o ecumenismo como uma ameaça à identidade e ortodoxia bíblica. Além disso, são inúmeros os artigos encontrados que tem por finalidade combater ferozmente esse movimento. Não é difícil encontrar artigos onde os proponentes do ecumenismo são até mesmos acusados de quererem criar um novo “Deus” que seja adequado a todos os desejos e às condições imaginadas pelos homens. E é claro que todo esse tipo de acusação faz qualquer cristão fiel detestar até mesmo ouvir falar a palavra “ecumenismo”, levando muitos a suspeitar também que tal iniciativa tem por finalidade promover o sincretismo ou então a relativização da verdade. Infelizmente, esse é o pensamento que muitos cristãos têm carregado por muito tempo.

Com isso, pouca ou quase nada é minha experiência e conhecimento anterior com relação ao movimento ecumênico. Contudo, através da leitura do referido artigo e estudos sobre este movimento, fiquei feliz em saber que em muitas mentes por traz do ecumenismo há manifestação de amor, fé e sacrifício. Todavia, não sou totalmente ingênuo ao pensar que a história do movimento ecumênico no mundo e especialmente na América Latina é somente carregada de altruísmos e realizações benéficas. Certamente, houve e ainda há pessoas más intencionadas que procuram tirar proveitos próprios ou eclesiásticos na contramão das ações e objetivos sinceros promovidos pelas diversas instituições que carregam o estigma de serem ecumênicas.

Caso você leia o texto recomendado acima, será fácil entender que neste artigo em que o Dr. Gottfried Brakemeier traz a definição, o significado e a abrangência dos termos “ecumene” e “ecumenismo” é lançado para o leitor luz para a formulação de um pensamento mais claro e racional sobre este tema. E um dos pensamentos que o autor deixa bem claro refere-se a diversidade da Igreja. Ele disse que na Igreja do Senhor Jesus Cristo sempre vai existir diversidade, pois esse estado é uma manifestação própria da multiforme graça de Deus. Sendo assim, é explicado claramente que o ecumenismo não deve querer nem pode uniformizar essa diversidade. Isso seria impossível. Nesse sentido, a atuação do movimento ecumênico deveria ser especialmente a promoção do respeito, da reconciliação e criação entre as denominações de uma espécie de comunhão eclesial. Isso já seria um grande feito tendo em vista que o que mais tem causado danos à Igreja atualmente é os diversos conflitos que ela tem vivido externa e internamente.

Sendo assim, as idéias esboçadas no nesse texto com relação ao ecumenismo seriam muito benéficas para a Igreja. Pois se consideramos os inúmeros conflitos de ordem social do nosso povo, perceberemos que essa dificuldade é agravada com as constantes disputas e divisões das igrejas protestantes e evangélicas no nosso país e no mundo. Diariamente igrejas se dividem e entram em disputas mútuas, e isso tem gerado uma desconfiança e rejeição por parte do povo com relação às instituições cristãs. Desta forma um ecumenismo no nosso país e em toda a América Latina que busca superar a rivalidade e promover a missão comum conforme escreveu o Dr. Gottfried trará resultados incríveis para a nossa sociedade.

No entanto, creio que um dos vários cuidados que os proponentes do ecumenismo precisam ter é não deixar a politicagem e a ganância de alguns líderes tomarem conta do movimento. Pois em uma sociedade como a nossa onde as pessoas estão perdendo a confiança nas instituições, permitir que as representações ecumênicas tomem contornos políticos para beneficiar alguns aproveitadores seria no meu entender o sepultamento do ecumenismo. Se é que isso já não tenha ocorrido. De qualquer forma, acredito também que a revitalização do movimento ecumênico certamente se dará com esclarecimento e a popularização do mesmo para o dia-a-dia das pessoas. Precisa-se de uma conscientização e uma participação das massas buscando sempre uma aproximação solidária e sincera com o povo.