Nos últimos dois anos representantes das Assembléias de Deus no Brasil tem incluído na pauta de reuniões para os debates convencionais, temas como: “conservação da identidade assembleiana”. E, apesar de não ser fácil uma instituição alcançar um século de existência, creio ser comum entre as denominações, que tenham um século ou mais de fundação, se preocupar em conservar uma identidade em torno da qual trabalharam desde o principio.
A realidade, porém, indica que já não é tão fácil manter uma identidade apenas para uma instituição especifica. As Assembleias de Deus no Brasil que o diga. Atualmente existe várias Assembléias de Deus dentro da própria Assembleia de Deus. Assim, se não é fácil para uma denominação apenas, seria insensatez querer delimitar alguma identidade para o protestantismo em geral, pois o próprio termo “protestantismo” abarca inúmeras correntes, instituições, princípios, práticas etc.
A realidade mostra na verdade, que ainda há uma diluição contínua de uma identidade que marcou o protestantismo desde os primeiros anos da reforma protestante. E isso se agrava ainda mais em nosso país pelos motivos que exponho a seguir.
Pela própria natureza deste país, desde o inicio de sua descoberta, entende-se que qualquer instituição estará fadada a viver crises de identidade. Isso se deve pelo caráter diversificado do Brasil. A cultura brasileira é multirracial, eclética e sincrética. Além da miscigenação, a sua diversidade cultural é uma das suas grandes riquezas. Desta forma, qualquer instituição instalada em um país que tenha todas essas características, assimilará com muita facilidade os aspectos sociais que marcam períodos, tais como modernidade e pós-modernidade. Portanto, cedo ou mais tarde qualquer instituição verá sua identidade se esvaecer.
Outro fato importante, é que o protestantismo, representado nas denominações de “imigração” ou “missão”, deve reconhecer e respeitar essa diversidade sob pena de se estagnar no tempo e no espaço com respeito a crescimento. Pois penso ser essa atitude fundamental para que essas instituições cresçam consideravelmente neste país. Acredito que o pentecostalismo tenha entendido isso primeiro. E essa deve ser a razão pela qual as Assembleias de Deus tenha crescido tanto, pois em termos de diversidade as instituições pentecostais e neo-pentecostais se destacam muito. Assim, o protestantismo, diante dessa crise de identidade, precisa criar mecanismos ou se readequar com o tempo atual para proveito próprio.
Diante disso, resta ao protestantismo apenas o seguinte: respeitar o legado deixado no passado como um referencial para a posteridade diante dos desafios que virão pela frente e se contextualizar com o tempo presente, sem contudo deixar de ser Cristocêntrica.
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